quinta-feira, junho 12, 2008

UD END DAS LOVE HISTÓRIAS








oda história de amor termina numa tragédia. E tragédia é um desses substantivos – e estes são poucos – que parecem rejeitar adjetivo como companhia, especialmente se for “grande”, não sendo diferente quando “pequena”, porque essa dimensão do trágico só é mesmo possível ao espectador da tragédia, capaz, por mecanismo de comparação em que pode entrar sua própria experiência pessoal, de mensurá-la, luxo(?) a que não podem se dar os que, metidos nessa, mal conseguem entender o que (lhes) está acontecendo.

Dito assim, sem o romantismo que se associa, comumente, a histórias desse gênero, isso é como desfazer uma fantasia, a que envolve o Amor, suas histórias, algo que soa a crueldade sem razão, considerando que já há tão pouco para se fantasiar, com o real insistindo em se sobrepor, chegando mesmo a se fazer passar, fantasiado disso, por ilusão fantástica. E onde, afinal, encontra-se a tragédia de uma história de amor? Parece-me tão à mostra! Se não em algum trecho entre o começo da história e o fim do amor, certamente, no simples fato de que, em algum momento, o amor vai terminar, levando consigo a história, mesmo que deixe lembranças – e, por vezes, são estas que fazem com que sintamos uma tragédia grande ou pequena.

Talvez, agindo aí a razão, mesmo que contrariando a lógica, no sentido de achar alguma saída, diga-se que nem toda história de amor termina, só acabando (e isso não é terminar?) quando, havendo ainda história e amor, seus personagens é que se findam. E dizem ainda, transgredindo um pensar mais rigoroso, que o sabor de uma história dessas está, justamente, na presunção de que, algum dia, há-de acabar, percebendo-se, neste caso, que, querendo-se dizer o contrário, terminou-se por concordar com o fim a que estão destinadas as histórias de amor, dando, no entanto, como se, teimosamente, não se quisesse dar a mão à palmatória, a impressão de que seu fim é o preço – até baixo – que uma história cobra pelo benefício do amor.

Quanto às histórias de amor, trágicas em si, pela natureza que lhes é própria, essas mesmas que terminam (e não custa repetir: o fim é sua tragédia essencial) de forma trágica, sendo uma tragédia o que determina a outra, são tão trágicas, que, como dois inimigos que se separam, consensualmente (não sem muita briga), indo cada qual para um lado diferente, com o intuito de evitar um confronto fatal para ambos, e acabam, completando um círculo, dando de cara, novamente, um com o outro, chega a ser risível: trágica como é toda alegria que não alcança o mínimo para, ao menos, simular um desenho sorridente a repuxar para cima o canto dos lábios; dolorosamente engraçada como é toda tragédia que, pesada demais a mão do autor da história, indo além do humanamente suportável, anestesia a própria dor que causa, matando a si mesma, já que o trágico se vale da dor para se expressar.

É por isso que os que sofrem calados suas próprias tragédias, negando essa cena aos espectadores do trágico alheio, são incapazes de, sabendo do fim iminente da história, embora desconheçam quando, corajosamente, acreditarem no amor: tragédia aos olhos dos que ainda crêem no amor, dolorosa piada aos olhos dos que, semelhantes, igualmente se calam.